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HISTÓRIA

VIDA E ATUAÇÃO ENIVALDO FIGUEIREDO MIRANDA

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Filho de Liberato José de Miranda e Marieta Figueiredo Miranda, Enivaldo Figueiredo Miranda, nasceu em Cabedelo, em 30 de outubro de 1919. Seus pais tiveram sete filhos: Severino, Helenilde, Enivaldo, Manuel, Zélia, Wanda e Antônio. Sua família morava na Rua da Frente, uma das principais ruas do centro de Cabedelo, primeiramente, na parte de trás do restaurante Filipeia (conhecido como Bar do Liberato), de propriedade da família, presente do avô Francisco Pedro Figueiredo, e, posteriormente, em outro imóvel na mesma rua, depois que venderam o bar. A Rua da Frente, após a revolução de 30, passou a se chamar Presidente João Pessoa. Enivaldo, menino, viveu em um tempo de tranquilidade e de inocência. Acompanhava irmãos e primos nas travessuras e brincadeiras. Uma das travessuras era a pescaria de siri, em um porto das canoas. No melhor da pesca, o avô, avisado, vinha tirá-los de dentro d’água, levando-os para casa. O castigo era deixarem para trás a lata de siris. Outro tipo de aventura de Enivaldo era montar em burros que viviam soltos no vilarejo, passando horas cavalgando, o que lhe custava muitas surras dos pais. Os avós maternos de Enivaldo, Francisco Pedro Figueiredo e Antônia Pires de Figueiredo tinham 17 filhos. Chico Pedro, prático-mor da Barra, era homem influente e querido no lugar, praticamente criava os netos, que viviam constantemente em sua elegante e aconchegante residência, recebendo a atenção e mimos de avós. A família gostava de ajudar as pessoas, por exemplo, via-se Dona Toinha (como era chamada), na calçada, distribuindo bacalhau e feijão para o desjejum dos moradores na semana santa. Enivaldo herdou esse espírito solidário. Gostava de fazer favores, sendo muito querido pelos moradores, que o achavam bonito e atencioso, dando-lhe a alcunha de “o Santo Antônio de Cabedelo”. Em 6 de junho de 1942, a família perdeu os cuidados do velho Chico Pedro, o homem forte de Cabedelo, testemunho de força e exemplo de moral. Enivaldo cresceu jovial, popular e estava onde houvesse uma festa. Dançava coco de roda, ciranda, quadrilha, frevo. Frequentava as animadas festas religiosas / culturais de Santa Catarina, na Praça Getúlio Vargas, e de São Sebastião, em Camalaú; as lapinhas, o pastoril, o boi de reis, a nau catarineta, os movimentos de cultura popular no bairro Monte Castelo e nas praias de Miramar, Ponta de Matos, Formosa, Poço. Com relação aos estudos, pelo fato de, nessa época, em Cabedelo, só existir o primário, frequentou a escola até o exame de admissão. Seus pais puderam colocar apenas dois de seus irmãos para continuaram os estudos fora da vila, em João Pessoa/Recife. Desse modo, Enivaldo dedicou-se ao trabalho, conseguindo, posteriormente, uma colocação como funcionário da Administração do Porto, na função de conferente. Enivaldo conheceu Irene Sousa, apaixonaram-se e se casaram, tendo sete filhos: Ana Maria, Leda Maria, Vera Maria, Aderbal, Marilene Maria, Jânia Maria e Jânio. Dona Irene o apoiava no seu trabalho social e político. Gostava de cuidar dos filhos e de viajar com o marido, quando podiam. Ainda teve três filhos, Enivaldo Júnior, Jango Magno e Cláudio José, do relacionamento com a professora Eulina Fernandes. Enivaldo Miranda sempre foi um pai amoroso e presente na vida de todos os filhos.

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ASCENSÃO POLÍTICA

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Mesmo não dispondo de muitas condições, Enivaldo Miranda buscava meios de sanar problemas da gente simples da vila: aquisição de remédios e de alimentos; transporte para conduzir a João Pessoa os atendimentos de urgência (ambulância, jipe e até caminhão), principalmente para as mulheres grávidas que precisavam de procedimento cirúrgico. Juntava-se aos moradores na abertura de valas para escoar os alagados e na construção de casas de taipa. Essa sua solicitude em ajudar o próximo chamou a atenção do advogado e político pessoense, Dr. Luiz de Oliveira Lima, que, ao veranear em Cabedelo, conheceu sua prima Silinha, com quem se casou, e ficou muito amigo de Enivaldo. Percebendo sua aptidão para as causas sociais, passou a apoiá-lo, sendo também apoiado por ele. Assim, em 1951, concorreram às eleições na capital: Luiz de Oliveira Lima (a prefeito), Enivaldo e mais 2 cabedelenses (a vereador), sendo todos eleitos com os votos da Vila de Cabedelo. Assim começou a carreira política de Enivaldo Miranda. Depois de dois anos, Enivaldo afastou-se da Câmara, pois foi nomeado Delegado Municipal de Cabedelo, por Luís de Oliveira Lima, que fez várias obras e benefícios em Cabedelo: construção do Cabedelo Clube, posto de puericultura, Centro de Formação e valetas para sanar o problema das inundações entre outros. Após a emancipação de Cabedelo, em 1956, a cidade ainda ficou dois anos com prefeitos indicados, enquanto era instalada a Comarca. As eleições só ocorreram em 1959, sendo eleitos: Enivaldo Miranda (prefeito), Francisco Figueiredo de Lima (vice-prefeito). Tendo recebido o apoio da população, Enivaldo governou a cidade de 1959 a 1963. Os vereadores que formaram a Primeira Legislatura foram: Altimar de Alencar Pimentel, Francisco Pereira de Sousa, Francisco Xavier Borges de Sousa, Luiz Bezerra Cavalcanti, Luiz Ferreira de Góes, Luiz de Morais Fragoso e Messias Pessoas da Silva.

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AÇÕES DE ENIVALDO COMO PREFEITO

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Manutenção e inauguração do prédio da Prefeitura, na Rua Aderbal Piragibe. Colocou pessoas eficientes que o ajudaram a organizar a Prefeitura, como o fiscal geral, Manoel Moreira da Silva; o Secretário Geral, José de Arimateia, que trouxe seu conhecimento e experiência para a administração da cidade; e setor de tributos municipais, Pedro da Silva Coutinho, que contribuiu para a emancipação financeira de Cabedelo; Ÿ melhoria na arrecadação, que era muito pouca (duas grandes empresas, o Moinho Teone e a Esso Brasileira de Petróleo, tinham isenção de impostos, e seus veículos danificavam ruas e estrada. Sem condições, a Prefeitura é que tinha de reconstruí-las): uso de uma cancela na entrada da Praia do Poço, cobrando-se uma taxa aos veículos; instalação da coletoria; instituição do aviso de coleta,"IPTU" (a população, que já pagava o “Domínio da União”, não compreendia a necessidade de arrecadação do imposto para a Prefeitura prestar os serviços à cidade); Ÿ reforma da Escola Maria Pessoa, e aquisição de novas cadeiras; Ÿ sem recursos para construir escolas, ajudou Padre Alfredo a conseguir verba para o Ginásio Imaculada Conceição através de Jânio Quadros; Ÿ calçamento do centro da cidade, incluindo a Rua Aderbal Piragibe; barreamento da Solon de Lucena, entre outras; Ÿ renovação do Parque Infantil Francisco Pedro de Figueiredo (situado depois da Praça Getúlio Vargas): cerca, pintura, outros balanços – gangorra, escorrego; e contratação de um funcionário. O Parque também passou a ser um espaço de vacinação para as crianças; Ÿ reforma do posto de Puericultura (em frente à Caixa Econômica Federal) e contratação de médico. Esse posto oferecia tratamento dentário, vacinação e distribuir leite para as pessoas mais carentes.; Ÿ aquisição de dois veículos para a prefeitura: uma ambulância e um jipe, além de um caminhão para a coleta de lixo nas principais ruas da cidade (antes a população cuidava da limpeza de suas casas e quintal e os lixos eram jogados em buracos nos quintais, ou nos cisqueiros,em terrenos baldios); Ÿ aquisição da emissora Voz de Cabedelo (antes do senhor Hélio de Almeida), que funcionava no pavilhão da Praça Getúlio Vargas, tendo alto-falantes espalhados pelo centro da cidade. O jovem Henrique Moreira assumiu a emissora AVoz de Cabedelo a convite de Dona Irene e seu Enivaldo, no processo de transição da emissora para a Prefeitura. Outra contratada pelo Prefeito foi Edna Freire, uma das apresentadoras,que fazia um programa cultural à noite, Clube dos Amigos da Noite, com músicas (clássicas) e informações sobre cultura; e um Show de Calouros, ao vivo, que animava as noites de domingo. Ambos atraíam grande público à praça. Diariamente, havia: noticiários, programa literário, serviços de utilidade pública, etc. Solemar Mendes fornecia alguns discos e Altimar Pimentel colaborava com suas crônicas.

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O CABEDELO CLUBE

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Desde a construção do Cabedelo Clube, no seu tempo de vereador/Delegado Municipal de Cabedelo, Enivaldo exerceu várias funções, participando da criação dos Estatutos do clube, sendo um sócio fundador. Participou da organização de festas e eventos, tais como: São João, com suas quadrilhas, carnaval, festas de formatura e debutantes, aniversário do Clube, desfile com escolha de miss, bailes com orquestras internacionais e conjuntos de jovem guarda (Os tuaregs, Os Diplomatas, de João Pessoa), nos quais sua família estava sempre presente junto com a sociedade cabedelense. Participou da construção da quadra do Cabedelo Clube.

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HÁBITOS/GOSTOS DE ENIVALDO

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Saía sempre para comer “angu com caroço na quenga do coco”, costume que aprendeu do avô; Ÿ usava constantemente um guarda-chuva, chovesse ou fizesse sol; Ÿ gostava de ouvir as músicas: Fita amarela (de Noel Rosa, que o avô também gostava); Se o papai fosse eleito (Dolores Duran), Porto solidão (Jessé). NOTA: Anos mais tarde, Enivaldo candidatou-se a deputado estadual, depois a prefeito, mas não voltou a ser foi eleito, deixando de vez a política. Faleceu em 14 de setembro de 1981, antes de completar 62 anos de idade (após lutar contra câncer nos ossos).

 HENRIQUE MOREIRA SOBRE A AGÊNCIA DE PUBLICIDADE “A VOZ DE CABEDELO”

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          Quem teve a iniciativa da instalação da Voz de Cabedelo foi o senhor Hélio de Almeida, que tinha uma farmácia na Rua da Frente, como se chamava na época. Então, ele instalou um amplificador no pavilhão da Praça Getúlio Vargas e espalhou pela cidade alguns alto-falantes. Na rua Aderbal Piragibe, dois: um ficava próximo ao Sindicato dos Estivadores e um outro, no final da rua Aderbal Piragibe, num local que chamava de Aprensa, um deposito de material que era para ser embarcado em navios.

 A Voz de Cabedelo passou para a prefeitura. O senhor Hélio procurou Enivaldo Figueiredo Miranda, quando ele se tornou prefeito, oferecendo a emissora para a prefeitura. Enivaldo contratou funcionários, e a emissora se expandiu.

A primeira dama, que era minha madrinha Irene (madrinha de fogueira, que naquela época era se respeitava como se fosse de batismo), me convidou para trabalhar na prefeitura, justamente na Voz de Cabedelo. Então Enivaldo me chamou, e me enviou para acertar com Francisco Figueiredo de Lima, o vice-prefeito. Recebi a chave e passei a ser o responsável pela Voz de Cabedelo.

Depois, José de Moura, que fazia um curso de rádio técnico, me procurou para testar um transmissor que ele montou, que ele dizia não ter muita potência. Deu certo e foi uma grande colaboração. O ouvinte principal era o senhor Reginaldo Viana, que ficava na praça. Colocavam um para rodar o disco, ligavam o transmissor e iam para a casa do senhor Reginaldo Viana, e   sintonizavam a Agência de Publicidade A Voz de Cabedelo, bem próxima à da Rádio Tabajara..

          Eu tinha um programa de manhã, às 8 horas: “Bom dia, Cabedelo”, com informações, notícias. Comprava um jornal, lia as notícias; ouvia de manhã, antes de sair de casa, a rádio Tamandaré de Recife, então anotava algumas notícias de fora de Cabedelo. Informava horários da saída dos ônibus (da emissora se podia verificar a saída dos ônibus), saída dos trens, chegada e saída de navios, o que era que estava chegando e saindo de Cabedelo.

          Havia outros colaboradores: alguns médicos que davam informações sobre vacina, doença; Padre Alfredo também dava sua colaboração; Altimar de Alencar, com suas crônicas.

Depois que José de Moura fez o transmissor com o alcance de um quilometro e meio ou dois, a rádio passou a transmitir festas ou eventos do Cabedelo Clube. Eu fazia a instalação no Cabedelo Clube, colocava uma antena, botava o transmissor, transmitia para o estúdio da Voz de Cabedelo, que ficava na Praça Getúlio Vargas, e o colaborador Nanau, filho de seu Menininho (Antônio Sávio de Azevedo), sintonizava e transmitia para os alto-falantes.

         Também era instalado o transmissor em outros locais, transmitindo-se do Clube do Palmeiras; e, às vezes, o carnaval - alguns eventos da escola de samba de José Gomes; também, as missas festivas da igreja (Padre Alfredo ficava muito agradecido).

Padre Alfredo colaborava orientando para melhorar a qualidade da locução: entonação, pronúncia, etc. Assim também Altimar de Alencar Pimentel, que, além de escrever crônicas para o meu programa, dava instruções para melhorar a locução. Havia muitos outros colaboradores.

Quando o pavilhão da praça foi arrendado, a emissora teve que sair, retirar o estúdio. Padre Alfredo ofereceu a garagem da Casa Paroquial, que ele não usava, pois seu jipe geralmente ficava na rua. Montamos, então, na Casa Paroquial o estúdio da Voz de Cabedelo, e assim foi a participação do Padre Alfredo na Agência de Publicidade Voz de Cabedelo.

          Havia programas culturais, como o de Edna Freire, à noite, em estúdio, com informações culturais, músicas clássicas e modernas; e no fim de semana (domingo), Show e Atrações, ao vivo, na Praça Getúlio Vargas, onde tinha um Show de Calouros, que às vezes até atrapalhava o cinema, porque a praça ficava cheia. Eram convidados várias artistas de Cabedelo. Os cantores eram muito aplaudidos, nessa época, acompanhados pelo grupo que toca nas lapinhas, na Nau Catarineta: Zé Azul e os demais (hoje, os prateados, com exceção de alguns componentes). O calouro dava a nota e cantava, concorrendo a vários brindes (que a emissora conseguia): “um quilo de arroz, um quilo de café solúvel, uma lata de leite condensado, um lanche no Drinks Bar ou no bar do Senhor Manoel Coelho; um vale para almoço no bar de Dona Nila”, perto da praça. O primeiro lugar tinha o direito de escolher o que queria, e muitos escolhiam almoçar no Bar de Dona Nila, que era muito concorrido. Iniciamos a radiofonia em Cabedelo.

         Na época, também havia outros alto-falantes espalhados em Cabedelo: um no Cine Brasil, comandado por Antônio Diná; e outro no bar do senhor Pedro Eufrásio, quem falava era o nosso amigo Erenilton, na época.

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